quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Autor do mês de Outubro

Eça de Queirós
 

José Maria Eça de Queirós nasce a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim e vem a falecer em Paris no dia 16 de Agosto de 1900. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, juiz do Supremo Tribunal de Justiça de Lisboa, e de sua mulher, Dona Carolina de Eça, nos primeiros anos de vida é entregue aos cuidados da ama e da avó, na “Casa Verdemilho”, em Aveiro.


Estuda como aluno interno no Colégio da Lapa, na cidade do Porto, até aos dezasseis anos; ruma depois à cidade de Coimbra, onde conclui o curso de Direito em 1866. É na Coimbra romântica e boémia dos anos 60 que se torna amigo de Antero de Quental, figura incontornável na influência que recebe de algumas correntes estéticas e ideológicas que se projectam na vida literária: realismo e naturalismo.

Trabalha como jornalista em Leiria, mas não tarda a mudar-se para Lisboa onde residia seu pai. Em 1867 estabelece-se como advogado nesta cidade, profissão que abandona pouco depois, por não lhe parecer que pudesse alcançar um futuro lisonjeiro.

Em Lisboa e em Évora consolida a sua experiência jornalística n’O Distrito de Évora e na Gazeta de Portugal, onde colabora com folhetins postumamente editados em livro, em 1903, com o título Prosas Bárbaras. A invenção da figura de Carlos Fradique Mendes, bem como a composição d’O Mistério da Estrada de Sintra (publicado em cartas, em 1870, no Diário de Notícias, de parceria com Ramalho Ortigão) prolongam o tom e a temática romântica que caracterizam a obra literária deste tempo. São As Conferências do Casino (1871) e As Farpas (1872) que representam, na vida literária de Eça de Queiroz e da sua geração, um momento decisivo de abertura a novos rumos estéticos e ideológicos, marcado pela análise e crítica da vida pública.

Decidindo-se pela carreira diplomática, vai a concurso a 21 de Julho de 1870 e obtém o primeiro lugar. Em 1872 é nomeado cônsul geral de Havana, Cuba, para onde parte, deixando o país. Em 1874 é transferido para Newcastle e em 1876 ocupa o cargo em Bristol, Inglaterra. Finalmente, em 1888 parte para Paris, onde virá a falecer. Este afastamento de Portugal não o impede de continuar a descrição e a análise críticas da vida pública portuguesa, o que marca profundamente a sua obra. Os anos 70 e 80 são muito produtivos em termos literários, consagrando Eça grande parte do seu tempo à escrita, publicação e revisão de romances de índole realista e naturalista: O Crime do Padre Amaro (com três versões em 1875, 1876 e 1880), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887) e Os Maias (1888).


Já no fim da sua carreira, Eça privilegia áreas temáticas e opções narrativas nalguns casos claramente afastadas das exigências do realismo e do naturalismo: a novela Mandarim (1880) é um primeiro passo nesse sentido, tal como o serão depois em registos peculiares A Correspondência de Fradique Mendes (1900), A Ilustre Casa de Ramires (1900) e A Cidade e as Serras (1901). Por publicar ficam tentativas em estado diverso de elaboração, tais como A Capital, O Conde Abranhos, Alves & Cª e A Tragédia da Rua das Flores.

A produção literária de Eça não se limita ao romance e estende-se também ao conto. Eça colabora ainda em diversas publicações periódicas (Gazeta de Portugal, Revolução de Setembro, Renascença, Diário Ilustrado, Diário de Notícias, Ocidente, Correspondência de Portugal) e nalgumas delas mantém uma regular actividade de cronista, na qual se encontra o observador privilegiado e atento à vida política internacional, à evolução dos costumes, à actividade cultural.



É também por acreditar na capacidade de intervenção destes seus escritos que Eça projecta, funda e dirige a Revista de Portugal (1889-1892), uma das mais cultas e elegantes publicações da sua época.




No seu conjunto, a obra queirosiana exibe muitas formas e temas distintos, pode dizer-se até que em constante mutação, traduzindo não apenas um sentido agudo de insatisfação estética, mas também uma grande capacidade para intuir, e até antecipar, o sentido da evolução literária que no seu tempo Eça testemunhou e viveu.



Como intérprete do realismo e do naturalismo, Eça cultiva um tipo de romance onde marcam presença os espaços representados e as personagens caracterizadas; entre estas encontram-se os tipos socais que remetem para aspectos fundamentais da vida pública portuguesa. À medida que as referências realistas e naturalistas se vão diluindo, é a representação da vida psicológica das suas personagens que começa a estar em destaque; as histórias relatadas diversificam-se e dão lugar a diferentes estratégias narrativas, como o relato biográfico e o testemunho epistolográfico.



Eça morre em Paris, na sua casa de Neully. É um dos mais brilhantes escritores portugueses e um dos mais apreciados. O realismo corrosivo, a arte narrativa e, muito especialmente, a ironia e o humor caricatural tornam a sua obra muito atractiva e, em diversos aspectos, sempre actual.

 
Bibliografia
 
- 1870, De Port-Sainz a Suez

O Mistério da Estrada de Sintra

- 1871, As Farpas

- 1874, Singularidades de Uma Rapariga Loira

- 1875, O Crime do Padre Amaro; A Capital

- 1878, O Primo Basílio

A Tragédia da Rua das Flores

O Conde de Abranhos

- 1880, No Moinho; Um Poeta Lírico

O Mandarim

- 1883, Alves & Cª

- 1885,Outro Amável Milagre

- 1886, Azulejos; O Brasileiro Soares

- 1887, A Relíquia

- 1888, Os Maias

- 1890, Uma Campanha Alegre;

São Cristóvão

- 1892, Civilização

- 1893, Frei Genebro; O Tesouro

- 1894, A Aia

- 1896, O Defunto

- 1897, A Ilustre casa de Ramires

- 1898, O Suave Milagre

A Ilustre Casa de Ramires




Estas obras encontram-se disponíveis na Biblioteca!

Boas Leituras!!! 


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